Moramos em um país tropical, onde prevalecem os esportes praticados na areia da praia ou no mar, como o vôlei de praia, futevôlei beach soccer, surfe, corridas no calçadão entre tantos outros…
A cada ano cresce o número de esportistas brasileiros que buscam as aventuras do turismo no gelo, no alto das montanhas. De Novembro a Março na Europa, Canadá ou Estados Unidos, e Junho a Setembro no Chile e na Argentina, o Esqui Alpino e o Snowboard têm conquistado cada vez mais adeptos.
As cidades que possuem “Estações de Esqui” estão muito bem preparadas e equipadas para receber estes turistas, com teleféricos melhores e mais velozes, neve artificial, pistas mais seguras e equipamentos mais modernos …. Em contrapartida, o número de lesões relacionadas à prática desses esportes vêm aumentando exponencialmente.
Nos Estados Unidos, o esqui é a causa de 200 a 600 mil lesões, sendo que entre 25% e 30% são lesões no Ligamento Cruzado Anterior.
As quedas correpondem a 85% das lesões. Colisões com objetos, incluindo outros esquiadores, somam de 11% a 20%, enquanto incidentes envolvendo teleféricos contribuem com 2% a 9%.
Variáveis que afetam a incidência de lesões
1) Habilidade do esquiador:
Principiantes – três vezes mais lesões e menor gravidade;
Experientes – traumas cranianos, fraturas, lesões ligamentares mais complexas pela alta velocidade de descida;
2) Idade:
11 a 13 anos > Adolescentes (13 a 20 anos) > Crianças (< 11 anos) > Adultos (>20 anos).
Quanto maior a idade (até 35 anos), maior a habilidade, maior o bom senso, maior a velocidade de descida, maior o número de lesões graves;
3) Sexo:
Duas vezes mais comum em mulheres e entre atletas profissionais do esqui é seis vezes mais comum também em mulheres;
4) Condicionamento físico:
Quanto mais bem preparado menor o índice de lesões;
5) Condições da neve:
“Neve dura” tem maior velocidade e mais lesões de impacto;
“Neve em pó / pesada” tem mais lesões por torção;
6) Condições do equipamento:
O rígido engate do esqui com o pé aumenta a força para a perna e o joelho;
A interface entre a bota e o encaixe no esqui é a causa mais comum de lesões envolvendo o equipamento;
Com as alterações e evolução do equipamento de esqui o índice de fraturas reduziu em 80%, porém as lesões ligamentares do joelho aumentaram muito nos últimos 20-30 anos;
Obs: Nos turistas as lesões são mais frequentes:
A) Primeiro dia do período de esqui;
B) Começo da manhã pelo pouco aquecimento;
C) Final da manhã e final do dia por fadiga muscular;
D) Final do período de esqui por efeitos cumulativos
Segundo o CAME (Colégio Americano da Medicina do Esporte), a lesão mais comum no joelho é do ligamento colateral medial (LCM). Essa lesão ocorre com quedas mais lentas em que a articulação é retorcida, ou quando os iniciantes ficam com os esquis ficam emparelhados em “v” por longos períodos forçando o ligamento.
Outra lesão comum no joelho é a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA). Muitos fatores contribuem para essas lesões acontecerem, especialmente a postura do esquiador, forçando o valgo do joelho, e também a queda para trás, quando a parte inferior da perna vai para frente ou quando o esqui fica preso na neve e o esquiador cai.
Lesões nas extremidades superiores correspondem a aproximadamente 40% do total. A articulação mais vulnerável da parte superior do corpo é o polegar. Em segundo lugar entre as mais recorrentes está a lesão no ligamento colateral ulnar do polegar, perdendo somente para as lesões no LCM do joelho. Essas lesões ocorrem quando o esquiador cai com o braço estendido, ainda segurando o bastão. O polegar é puxado para fora, lesionando a articulação.
Como podemos prevenir essas lesões
É indicado o uso das presilhas mais sofisticadas e com fixações multidirecionais, que facilitam o desencaixe rápido, e de bastões (poles) com correias.
Equipamentos de segurança, como o capacete, podem prevenir e até mesmo evitar desastrosos acidentes que por vezes podem ser fatais. Apenas cerca de 48% dos esquiadores e snowboarders americanos usam capacete de rotina. A utilização desse equipamento de proteção foi associada a uma diminuição de 43% na taxa de lesões na cabeça, no pescoço e faces.
A realização de uma preparação e condicionamento adequados, iniciados antes da temporada de esqui e voltados para a prática desse esporte são fundamentais. Nas cidades onde a prática do esqui alpino é muito difundida, já existe a cultura de treinos conhecidos como Sports Conditioning Classes.
Exercícios de flexibilidade e também de fortalecimento, especialmente de músculos como quadríceps (anterior da coxa), isquiotibiais (posterior da coxa) e glúteos médio e mínimo (laterais), ajudam a evitar a força em valgo do joelho. Exercícios de equilíbrio, trocas de direção, saltos e aterrissagens e bom condicionamento físico aeróbico (para suportar bem a altitude) estão diretamente relacionados com a melhora da performance, menor incidência de lesões e maior satisfação do esportista.