Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), vivemos a década da gonartrose. Para muitos, ter essa doença é apenas uma questão de tempo, pois um dia todos terão, basta saber se em maior ou menor intensidade. Artrose significa a “morte”, desgaste, degeneração, da cartilagem articular.
Como toda doença degenerativa, ela se instala de forma insidiosa e progressiva, fazendo com que o paciente se sinta cada vez mais limitado, com redução da autonomia e qualidade de vida.
O histórico familiar é um fator de risco importante e com relação direta na doença. Os sintomas da artrose são dor (que piora com caminhadas), deformidade angular progressiva (varo ou valgo), sino-vite de repetição e rigidez articular progressiva.
Nos casos iniciais, o tratamento tem como objetivo a melhora da autonomia com exercícios de fortalecimento muscular (como Musculação e Pilates), alongamentos e controle do peso corporal. Exercícios aeróbicos de baixo impacto como hidroginástica, natação, ciclismo indoor e transport devem ser estimulados.
Nos pacientes com idade inferior a 60 anos e nos quais a artrose acomete apenas um compartimento do joelho (medial ou lateral), associado à deformidade angular, é recomendado a cirurgia de osteotomia corretiva, que tem como princípio corrigir os eixos mecânico e anatômico do membro inferior afetado, a inversão da deformidade e a redução da carga sobre o compartimento que apresenta o desgaste da cartilagem.
Quando a doença está avançada, especialmente em pacientes acima de 60 anos, e já esta interferindo diretamente na qualidade de vida e no humor do paciente, a colocação de uma prótese de joelho (seja total ou unicompartimental) passa a ser a alternativa de escolha, com altos índices de satisfação e bons resultados relatados pelos pacientes. Outras patologias como hipertensão arterial, diabetes melitus e insuficiência vascular, o status cardíaco deve ser investigado.
A Artroplastia Total do Joelho ou Prótese de Joelho, é uma cirurgia de grande porte, que normalmente causa dúvidas nos pacientes que encontram-se em pré-operatório.
Na grande maioria dos casos não é necessário, mas por precaução, oriento meus pacientes e aos parentes a conseguirem uma doação de duas bolsas de concentrado de hemácias para utilizarmos caso seja necessário.
O paciente é internado no dia da operação. Ele é submetido à cirurgia, passa a primeira noite na Unidade Intensiva (CTI) e depois recebe alta para o quarto, onde fica por mais dois ou três dias, quando terá alta hospitalar. Portanto, total de 4 a 5 dias de internação.
Salvo alguns casos especiais, os pacientes são autorizados e encorajados a tentar ficar de pé e caminhar (inicialmente com auxilio de um andador) no primeiro ou segundo dia do pós-operatório.
O implante é composto pelos componentes femoral e tibial que são de cromo-cobalto, um dos materiais mais compatíveis com o corpo humano. O componente patelar e tibial de apoio são de polietileno (uma espécie de plástico).
Na grande maioria das próteses é utilizado um cimento ortopédico próprio, semelhante ao que é utilizado nos procedimentos odontológicos.
Essa é uma decisão do médico anestesista, porém, nesse tipo de cirurgia a opção é pela Raqueanestesia, associado ao bloqueio do nervo femoral, que pode garantir a analgesia em até 24 horas.
A escolha do momento ideal para a colocação da prótese é de decisão única e exclusiva do paciente, cabe ao medico assistente explicar os riscos e os benefícios da cirurgia, assim como demonstrar o exame clínico e radiográfico (através de raio-x com carga).
A rotina da minha equipe é ver os pacientes durante todos os dias de internação. A primeira consulta de revisão acontece 15 dias após o procedimento. Depois o paciente retorna ao consultório com 30 e 60 dias. As consultas subsequentes são com 4, 6 e 12 meses, depois disso as consultas passam a ser anuais. O paciente deve ser orientado a retonar ao consultório se porventura apresentar dor.
Existem algumas complicações na cirurgia dividas em per-operatórias (durante a cirurgia) como fraturas, instabilidades ligamentares e mau posicionamento do implante; e pós-operatórios como dor residual, instabilidade da patela, rigidez articular entre outras. A principal e mais temida é a infecção, que ocorre em cerca de 2 a 5% dos casos. Necessita de tratamento cirúrgico e possivelmente é necessária a retirada da prótese e a troca do implante, além de período de antibióticoterapia intravenosa. Existem também intercorrências clínicas como trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar.
Costumo dizer aos meus pacientes que o primeiro mês é o mais difícil, com mais dor. É geralmente uma dor suportável, que melhora com medicamentos, mas é inferior a que se sentia no pré-operatório. A melhora é semanal. Com três meses o paciente já está satisfeito e com seis meses, os que apresentam problema bilateral, estão retornando para operar o outro lado.
Uma prótese de joelho de qualidade e quando bem posicionada tem seu tempo de duração diretamente relacionado ao peso corporal e ao grau de atividade do paciente. De uma maneira geral duram de 12 a 15 anos, quando será necessária a troca do implante, que e chamada de Cirurgia de Revisão. Implantes de qualidade duvidosa e mal posicionados favorecem o desgaste e soltura precoce.
Sim. O resultado da cirurgia está diretamente relacionado à reabilitação, com um profissional gabaritado e acostumado a reabilitar joelhos, especialmente próteses. Geralmente os pacientes fazem fisioterapia domiciliar diária no inicio e depois em local específico, pelo menos três vezes na semana por cerca de 6 meses.
Apesar de termos relatos de pacientes que praticam tênis e outras atividades, as próteses não foram feitas para a prática de esportes, especialmente os que envolvem carga no membro operado. O paciente deve ser encorajado e incentivado a praticar atividades com baixo impacto articular como hidroginástica, natação, ciclismo indoor e transport.
O paciente passa a primeira noite no C.T.I. por rotina da equipe assistente. Depois, somente se houver alguma intercorrência.
A obra tem como público-alvo estudantes, residentes, ortopedistas e especialistas que buscam maior conhecimento sobre o menisco, sendo uma valiosa fonte de consulta, baseada na literatura científica atual e na experiência clínica dos autores convidados.