O tempo passou, a medicina evoluiu (em especial a Ortopedia com as grandes guerras), estudou-se cada vez mais e concluíram que o menisco não é e nem nunca foi o “vilão” da historia… E sim o “grande salvador”!
A principal função do menisco é a absorção do impacto na articulação do joelho, além de atuar na estabilidade, na proteção e nutrição da cartilagem articular e na congruência articular. Portanto, a perda do menisco é trágica para os joelhos.
Cada joelho possui dois meniscos, o medial (interno) e o lateral (externo). Eles são fibrocartilagens, com pouca vascularização, inervação e mobilidade.
Geralmente as lesões dos meniscos ocorrem após traumas por torção, seja em prática esportiva ou em atividades do dia-a-dia, como, por exemplo, levantar após um simples agachamento. Existem dois grupos de lesões dos meniscos: Traumáticas (após torções e em pacientes jovens) e Degenerativas (mais comum nos pacientes acima dos 45 anos de idade).
As Lesões Traumáticas, que possivelmente são candidatas à sutura, dividimos nos seguintes padrões: 1) Longitudinais; 2) Radiais ou Transversais; 3) Horizontais (muitas vezes associadas a cisto parameniscal); e 4) Complexas (quando mais de um tipo dos anteriores está presente).
Os principais sintomas da lesão meniscal são dor, que piora com atividade física e agachamento, sinovite / derrame articular (aumento de volume do joelho) e por vezes bloqueio articular.
As lesões longitudinais e horizontais, localizadas na zona com maior vascularização (vermelha ou periférica), são as que melhor se enquadram no perfil da sutura e com melhores resultados.
A Meniscorrafia (Sutura do Menisco), realizada por artroscopia, é um procedimento cirúrgico realizado por poucos cirurgiões no Brasil e com grande dificuldade técnica, sendo considerada por experientes cirurgiões de joelho como “a técnica mais difícil dentre todas”.
A técnica de Meniscorrafia tem como objetivo tentar preservar o menisco, tentando “costurá-lo” e não cometendo a meniscectomia, que significa a “perda” de parte do menisco.
Existem três técnicas de sutura do menisco: Inside-out (de dentro para fora); Outside-in (de fora para dentro); e All-inside (totalmente por dentro).
Fatores prognósticos para as suturas de menisco: 1) Tempo decorrido da lesão; 2) Idade do paciente; 3) Local / Área da lesão; 4) Tipo / Padrão da lesão; e 5) Se a sutura será feita em conjunto com a reconstrução ligamentar ou isoladamente.
No pós-operatório, existe a necessidade de restrição parcial da carga e do arco de movimento nas primeiras semanas, assim como aumenta o tempo de reabilitação e para o retorno as atividades esportivas.
Quando avaliamos os resultados da Meniscorrafia, encontramos taxas de êxito e sucesso em cerca de 70 a 95% dos casos.
A preservação do menisco significa prevenção e retardar o desenvolvimento de artrose no joelho, pois a principal estrutura de absorção de impacto foi preservada.
Essa pode ser a diferença ao decidir operar seu joelho. Fazê-la com cirurgião que está acostumado a realizá-la, que possui o instrumental para isso e com experiência em Medicina Desportiva, pode fazer a diferença no resultado final do seu tratamento. Não só a curto prazo, mas também a médio e longo prazo.
Vale um questionamento: Será que estamos fazendo a melhor escolha para o nosso joelho?
A obra tem como público-alvo estudantes, residentes, ortopedistas e especialistas que buscam maior conhecimento sobre o menisco, sendo uma valiosa fonte de consulta, baseada na literatura científica atual e na experiência clínica dos autores convidados.